quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dois Destinos


A chuva insistia em cair, mas mesmo me molhando, não posso ficar aqui parada, sem fazer nada para ajudá-la!
O vento frio da madrugada me faz pensar sobre o que farei sem ela, pois ao seu lado vivi os melhores anos da minha vida, e desde a infância eu cuido dela (ou ela é quem cuida de mim?)
“E agora?” – perguntava para mim mesma, enquanto a situação piorava, cada vez mais para a pobre coitada; Não posso deixá-la neste estado de dor, de agonia, mas também não consigo suportar ver seu sofrimento carnal! Sim, apenas carnal! Sei bem que seu estado de espírito é de felicidade, de dever cumprido, apesar de já perceber que não irá aproveitar como merecia.
“E esse veterinário que não chega, por onde andara? Não percebeu que é um caso urgente?” – Quanto mais eu penso nisso mais minha raiva e angustia aumentam.
Sempre soube que esse momento um dia chegaria porem, nunca me preparei devidamente para suportar essa sensação humilhante de incapacidade!
O tempo não esta cooperando, será que se entristeceu com a perda que se aproxima? As folhas das arvores se movimentam irregularmente, acompanhadas pela sinfonia harmônica da natureza.
Vendo Penélope desse jeito, reconheço como a vida é frágil e efêmera; ela, mesmo tendo uma expressão de agonia, ainda possui os olhos brilhantes transbordantes de carinho, amor, fé e uma satisfação imensa...
“Como consegues ser tão forte e calma num momento desses?” – Essa pergunta não sai da minha cabeça.
De repente, um uivo de dor e um grito de horror se misturam na calada da madrugada fria. E a doce alma que acabara de expirar, deu a luz, a vida seis lindos cachorrinhos!


Um comentário:

  1. - Não sei se é porque sou muito ligada a animais, até no teu cabeçudinho, haha, mas gostei demais desse, causou uma sensação estranha em mim.

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