segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Desabafo de Um Coração Partido e de Uma Mente sem Razão


"E toda essa dor é porque não choro, não grito e não falo o que realmente estou sentindo..."
Essas as palavras ditas durante um momento de desabafo emocional, me fizeram parar e refletir sobre o modo com que nós mulheres "fortes, racionais e independentes" hoje em dia , lidamos com os sentimentos de um coração partido.
 Guardamos conosco toda mágoa, dor, angútia ou desespero como isso fosse errado e feio; como se não devêssemos nos mostrar tão fracas a este ponto para ninguém; para não nos mostrarmos ainda perante a sociedade como o "sexo frágil".
Mas tem uma hora que não dar mais pra agüentar ou que não queremos mais ser assim: o ponto forte em tudo e só apoiar os outros; existem momentos em nossas vidas que a independencia financeira, o status adquirido nesse mundo globalizado, o reconhecimento de igualdade aos homens nesse mundo capitalista, já não nos basta mais.
Há horas em que queremos também ser consoladas, ouvir palavras amigas, ser "fracas" por um minuto que seja, mostra-se tão frágil como os outros, com o qualquer mulher faria tempos atrás sem nenhuma recriminação; a "mulher moderna/mãe/esposa/chefe de casa/ trabalhadora" parece que teve como preço a ser pedido pelo reconhecimento adquirido, o fim de sua natural fragilidade, de sua espontanea emotividade !
Tornamo-nos  exemplos de força, de vigor, de vida. Passamos a ser consideradas fortes, focadas, e racionais como nenhuma das mulheres antigamente puderam pensar em sererm assim chamadas; passamos a ser o porto seguro emocional dos outros, desejosas de ouvir e aconselhar e esquecemos que devíamos também ter nosso momento de falar e ser ouvidas.
Quando algum de nossos relacionamentos termina, desejamos também ser apenas simples humanas, sujeitas a falhas e erros, e não super heroínas como tentamos mostra-nos;Se-mos mais emotivas e não frias e  racionais, pois, por dentro nos bate uma angústia devassadora que nos consome no silencio do peito e que tentamos não demonstrar pros outros o quanto nos faz sofrer.
Para não passarmos a imagem de  uma pobre coitada que está sofrendo com fim do namoro/casamento.
E ao mesmo tempo ,tentamos evitar de nos perguntar, de falar algo que possa nos fazer lembrar dele!
Como "mulheres dominantes",passamos a direcionar o rumo de cada conversa para que não caia uma vez mais "no que ele estaria fazendo sem mim naquele instante". Sendo sempre "um poço de discrição e donas de um auto-controle invejáveis",  mas o silencio nos corrói por dentro e tira a pouca paz que temos,os pensamentos inconscientemente vão parar nele, e aquela centralidade que era o diferencial entre todas as outras, passa para o esquecimento: nossa mente está cheia demais no momento com outras "coisas triviais" aos outros...
Uma foto, um cheiro, um sorriso, um lugar marcante para os dois, uma canção na radio, um filme na TV, os amigos em comum: TUDO nos faz relembrar daquela pessoa que já não quer mais nada conosco...
E quando nos lembramos de tudo que passou, passamos a pensar pela primeira vez no que foi que deu errado: "onde foi que EU errei?"
Sim, pois a partir de então passamos a adotar o posto de culpadas, afinal fomos aquelas que priorizaram a carreira a ele, ao nosso amor...e então pensamos: "poderia ter dado certo se eu fosse menos exigente, menos mandona e controladora ?"
"Se o deixasse ser mais como ele é e não tentá-lo mudá-lo para o meu jeito?".
Ou "se eu fosse mais do jeito que ele queria que fosse: menos preocupada,menos racional, e controlada".
Bate-nos uma vontade louca de chorar quando pensamos em tudo isso, dá vontade de gritar para que todos saibam o quanto estamos nos sentido triste e que por mais vanguardistas que sejamos, nós também nos importamos com o fim desse relacionamento mais do que podemos demonstrar !
Mas temos medo de fazer isso para não mostrar para ele (e aos outros) que estamos sofrendo por sua causa, afinal sempre fomos exemplos de firmeza e precisão, e não seria agora que passaríamos a recuar de nossos objetivos por sentimentos não (mais) correspondidos, não é mesmo?
Mostramos-nos fortes e modernas perante as pessoas em nossa volta, mas na verdade queríamos os ombros delas para chorar, para falar "mal" dele por um instante; controlamos-nos para não ficar apenas falando dele, do antigo namoro, das recordações em comum, pois já não somos as mesmas "menininhas de colegial" sofrendo por seu primeiro amor adolescente.
Imaginamos se aquela mulher que gostava dele no período de namoro já soube de tudo e se estaria tentando "consolá-lo" nesse momento, e o  pior: se ele estaria dando alguma oportunidade à ela para tal proeza.
Perguntamo-nos se ele está sofrendo ou se em algum momento já sofreu igualmente como estamos com tudo isso. E voltamos a sonhar às noites como quando erámos mais jovens e puramentes emotivas,onde em nossos corações desejamos que  numa hora mais cedo ou mais tarde iremos voltar a ficar juntos...
Criamos esperanças em nós mesmas, nem que seja um pouquinho, pois no fundo queremos uma reconciliação.
Simplesmente pelo fato de gostarmos dos bons tempos que passamos juntos, dos carinhos e brincadeiras, das confidencias e segredos selados apenas entre nós.
Porque era maravilhoso sermos conhecidos como: "FULANA E SICLANO", e agora é tão estranho ser apenas denominada de EU! Não havíamos percebido que por dentro da nossa "bolha de razão", havíamos nos esquecido de ser unicamente nós mesmas e passamos a gostar mais de ser reconhecida não como uma pessoa e sim como um casal feliz , que pensamos que fossemos.


Sentimos falta daquela rotina criada especialmente para nós; e já não sabemos lidar no dia a dia sem a presença dele: tendo que nos adaptar tudo de novo.
 E é justamente isso que nos parece tão difícil, mesmo para as "super-mulheres" nas quais nossa sociedade nos transformou !
Sabe o por que? Porque gostamos da vida compartilhada com outra pessoa, e nós não somos a ilha solitária do mundo de mercado; gostamos de saber sobre seus planos e sonhos, e queremos fazer parte deles mais uma vez.
Nos preocupamos com sua saúde, com seus estudos/trabalhos e sua vida familiar, porém, já nos sentimos incapazes por não saber como voltar a fazer parte disso  de novo.
Já não conseguimos compreender como ele se tornou tão importante nos nossos dias, na nossa vida, e como em tão pouco tempo já era essencial para nossa alegria; perguntamo-nos como que ele dava sentido para tudo em nossas vidas: desde as pequenas coisas até as maiores.
 Mesmo os bons amigos em nosso lado não são capazes de nos fazer sentir completos como só ele sabia!
E você começa a pensar que já não tem o menor problema em abrir mão de tudo, só por mais umas maravilhosas horas passadas com ele. Relembrando como se fosse  um filme em sua cabeça os bons momentos juntos: Únicos e perfeitos...
Fica alguns estranhos instantes querendo ser menos "SUPER-EGO" e ser mais "ID" porque ficou comprovado que seu "EGO" não está trabalhando muito bem.... o que normal ! Mesmo tentando ser (hoje em dia) puramente racional, mulher, você  continua sendo 8/80 : Amor/Razão, Trabalho/Paixão, Prazer/Solidão, assim fica difícil esconder os picos de suas emoções extremistas (que nunca lhe abandonaram) numa época em que tanto lhe é combrado, e onde as vezes, pouco lhe é retornado !






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