quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Amor selvagem, amor mortal

Impossível de acreditar, que um romance de três anos pudesse terminar assim: de um modo tão horrível. Em plena hora do rush, no tão cotidiano atormentado transito de São Paulo, estávamos dentro do ônibus, lotado como de costume, mas ainda assim me sentia sozinha como se fôssemos só eu e ele, no vazio esmagador da cidade que não dorme!
Ele, muito mais velho do que eu, estava a caminho de fazer 23 anos, porém, aparentava ter bem menos. Seus olhos antes doces e encantadores que por um dia me apaixonei eram agora cinzas e atormentados...
Sua expressão denotava noites mal dormidas, talvez a insônia o incomodasse agora. Sua face jovial deu lugar as rugas e olheiras, parecia que havia vivido 50 anos em cinco meses!
Demonstrava estar gostando de toda aquela situação: mulheres chorando, crianças gritando, alguns rezando e outros incrédulos de que aquilo fosse verdade; demorei até reconhecê-lo por detrás daquele homem rancoroso e possessivo.
Suas palavras de amor se contrastavam com as bombas em seu corpo! O jovem assassino, que um dia amei não se conformava com o fim do namoro, por isso queria juntar nossos corações no além: eu para sempre com 15 anos, na flor da idade despertando para vida!
 Seria ele capaz de cometer um ato dantesco deste, ali na frente de todas aquelas pessoas inocentes?
Sua risada histérica dava medo aos demais e ao mesmo tempo mostrava seu pânico interior; seus braços e pernas tremiam em cada ato e o suor escorrendo em sua face, parecia arrepiá-lo conforme escorria pelo corpo...
Os incríveis dentes alvos contrastavam com a escuridão que se formava naquele ônibus, naquelas pessoas. O medo ia tomando conta de todos conforme ele se aproximava, seria aquele nosso último suspiro? Com os olhos cerrados e o hálito da morte, ele me beijou pela última vez na vida!


Nenhum comentário:

Postar um comentário